“O que o homem ganha com todo o seu trabalho em que tanto se esforça debaixo do sol? Eclesiastes 1:2
Eclesiastes é o livro da conversa sincera, dos olhos nos olhos. O “Kohelet”, título hebraico da pessoa que faz os discursos, cria sua filosofia desconstruindo para reconstruir. Atenção! Você não deve se aproximar deste livro com ideias preconcebidas. Com o Eclesiastes é assim, você chega, se senta à mesa e espera até que ela esteja posta. A crueza do livro choca, e alguns até veem cinismo nele.
É certo que os primeiros discursos elencam todos os “negativos” da vida, de como as coisas são transitórias e efêmeras se comparadas à outra realidade além dos olhos. Porém os negativos não estão ali para chocar nem dar uma visão pessimista da vida. Eles nos ensinam.
O pregador nos diz que todo o nosso trabalho para pouco serve, é coisa transitória. Construímos uma casa, e logo ela começa a se deteriorar, e com isso vêm as constantes manutenções. Nada do que fazemos permanece.
Isso não é uma defesa da “inação”, existe uma teologia do trabalho que permeia a Bíblia e que vai influenciar o pensamento cristão, das manifestações pós-apostólicas ao início do capitalismo moderno e sua relação com a ética protestante.
Provérbios manda o preguiçoso ir ter umas aulas com a formiga (Provérbio 6:6) e Paulo diz aos tessalonicenses que quem não quer trabalhar deveria também não comer (2 Ts 3:10). Deus é apresentado trabalhando logo no início da sua obra, e Jesus afirmou que assim como Deus, Ele também trabalhava (João 5:17). É verdade que certa teologia viu no trabalho uma maldição por causa da queda, mas o problema veio do incremento de dificuldade e não do trabalho em si.
De todo modo, mesmo reconhecendo o valor do trabalho, devemos aprender com o Kohelet que ele, assim como as outras coisas de nossa vida terrena, produz resultados transitórios. O princípio aí é o de evitar uma visão exagerada do trabalho. Fazer dele o fim (quando é um meio) de nossa vida. Workaholics, as pessoas viciadas em trabalho, nem sempre aproveitam seus frutos. O excesso de trabalho, ou o excesso de preocupação com ele, produz mais frutos negativos que positivos (Ecl 2:23).
O importante é que tenhamos uma relação saudável com o trabalho, pensando sempre que ele deve ocupar seu tempo apropriado na nossa vida. Pois muito do desejo relacionado às realizações vêm de um sentimento de “ansiedade pela eternidade” (Ecl 3:11). Por isso muitos empreenderam obras pensando na sua permanência. Algumas realmente sobrevivem muitas gerações, mas mesmo esses encontrarão seu “ocaso”.
Você deve encarar o trabalho pelo que ele é. E em lugar de “maldição”, o trabalho passa a ser visto como um presente!
Afinal de contas, tudo o que fazemos deve ser feito para a glória de Deus (1 Co 10:31).
Não é o que eu ganho, mas o que eu não perco no processo!
“Descobri também que poder comer, beber e ser recompensado pelo seu trabalho, é um presente de Deus”. Eclesiastes 3:13.
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